quinta-feira, 19 de maio de 2011

fichamento de genética 7

A etiologia da cárie no estilo de pensamento da ciência odontológica.

Quando se remete o pensamento para a história da cárie, observam-se três momentos distintos de caracterização da doença nas sociedades humanas. Apesar da cárie acompanhar o ser humano desde a sua pré-história, o padrão de adoecer nas comunidades primitivas caracteriza-se por uma doença de baixo impacto populacional, em termos quantitativos e de severidade. Concomitante ao processo "civilizatório", com a introdução de novos hábitos alimentares e de vida, especialmente a partir da crescente industrialização e urbanização, a cárie transforma-se em uma moléstia violenta e de alta prevalência, significando um grave problema de saúde pública. Já na última década do século XX, relata-se outro importante fenômeno no acometimento da doença. A queda da prevalência e severidade, especialmente aos doze anos de idade, indica uma escalada decrescente de valores do índice CPO-D (dentes cariados, perdidos e obturados) . É um dos desafios da odontologia na atualidade: transformar seu pensamento, adaptando-o à nova realidade social da doença.As teorias multicausais para saúde se consolidam nas décadas de 1960/70, quando a crise capitalista obriga a redução de gastos do Estado com as áreas sociais e são observadas as evidentes relações entre elevação dos níveis sociais, urbanos e tecnológicos das sociedades modernas e mudança nos padrões de adoecer e morrer. Há queda no acometimento das doenças infecto-contagiosas e aumento das crônico-degenerativas, além da desigualdade social situada nas diferenças de classe e maior ou menor acometimento de enfermidades. Assim, as interpretações causais que sugerem medidas coletivas baratas de controle das doenças nascem como uma resposta prática, sem tocar no modelo de atenção médica e nas causas estruturais e distinguem-se dos modelos de determinação social. O modelo da tríade ecológica de Leavell & Clark, que ordena as causas dentro de três possíveis categorias ou fatores (agente, hospedeiro e ambiente) e ignora a categoria social do homem, revela-se hegemônico para a área da saúde.

referências

Doris GomesI; Marco Aurélio Da RosII
INúcleo Florianópolis de Bioética, SOEBRAS/FUNORTE. Rua Trajano 265, sobreloja Centro. 88010-010. Florianópolis SC.
IIDepartamento de Saúde Pública, Universidade Federal de Santa Catarina

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